a macaca em
junho 2, 2012
O Retorno Desvairado
Uma alusão ao sumiço da autora que vos escreve, que desde a sua mudança para São Paulo não conseguia agarrar faísca de tempo que fosse para se dedicar ao blog. Nada como um dia depois do outro…

DA FLORESTA CHAMADA REALIDADE: Macaca solta o verbo depois de intervalo prolongado em meio aos desvarios da vida selvagem
Reza a lenda que macaca saltita sem perder o rebolado. Tenho cá as minhas dúvidas, já que remelexos à parte, eis que a símia desapareceu por um ano após trocar a Ilha da Magia pela Grande Floresta. O maior conglomerado de mata cachorro do seu país é habitat dos aturdidos pelo insano soar de tudo o que é Gigante, Infinito, Alucinado, e acima de tudo: Virado do Avesso. A macaca pula de um lado para o outro. Haja galhos para sustentar tamanha quantidade do que fazer.
A sua estada na nova morada tem sido uma aventura particularmente bela, conscientemente drástica. Encontros, descobertas, cada traço, cada senda abre uma nova janela de possibilidades. Tudo pode. Tudo serve. O contexto abrangente transforma a bichana em mais um elo universal de faces e formas. Na verdade, a floresta mais robusta das redondezas contempla o abstrato e o concreto ao mesmo tempo. A realidade bate nas fuças de quem chega na hora do pulo inicial. De galho em galho, o avesso se revela de maneira imperativa.
A macaca não sabe se ama ou odeia o lugar que escolheu para construir o seu caminho. Imagine um espaço onde aqueles que tudo podem e os que nada têm convivem amontoados e em contraste intolerável. São mais de 10 milhões de seres humanos trombando no alvoroço de trilhas abertas a qualquer custo em nome do progresso. Esse rebuliço de multimilionários e hiper miseráveis já foi chamado de A Locomotiva da Nação. Se o dito é válido, para aonde vai tanto dinheiro? A maioria dos animais residentes não vê a cor.
Em conversa de noite qualquer, um macaco nativo, falante e nem um pouco pragmático contou à símia que, na mesma área desgastada pelas mãos do homem, o quádruplo de ratos se alastra por traçados subterrâneos. Ui. O quê? Exato. Ao fazer a conta, melhor nem dar margem ao desdobrar dessa história. Prepare a mente e vá. A ‘rotunda ensimesmada’ coça a penugem capilar e indaga:
– Existe receita para um bicho alcançar o equilíbrio num centro desprovido de padrões básicos para o bem viver?
Sabe-se lá, mas o mais curioso para ela é constatar que, mesmo em meio ao ritmo surreal de uma selva tresloucada, os planos fluem, os sonhos ardem, e as coisas não param de acontecer. A símia para por um instante, espia o movimento frenético de cima do galho em que repousa após o dia de trabalho intenso e acena com a cabeça no lugar:
– A resposta é sim, valeu a pena arriscar.
Quem quiser, que conte outra.
E dá-lhe Caetano!
setembro 6, 2012 at 11:00 pm
Que surpresa deliciosa esse blog!
Volte a escrever aqui sim. Acaba de ganhar uma leitora da cidade insana.
A melhor descrição que já li.
setembro 7, 2012 at 2:11 pm
Oi, Gabi!!!
Seja bem-vinda. Abanque-se em um galho ou saltite por todos os que quiser. Fique à vontade para explorar a floresta! Obrigada pelo elogio. Adorei! Pode deixar que, em breve, escreverei mais. Aguarde. Ó, volte sempre. Beijão